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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Um anjo e um plebeu


Nos longínquos caminhos do horizonte, Collin avistara um pequeno foco de luz, uma pequena gota do lume eterno, algo que brilhava radiantemente ao longe, no que parecia ser o fim da sua estrada. Este lume alimentou a calçada da sua curiosidade, e assim, andou em direção a esta luz que para seus olhos, era a perfeição. Seus pés pareciam não conseguir parar de se mexer, de se locomover, como se a luz fervorosa, fosse um grande imã. Ao lado, não existia nada, apenas um deserto. O sol era frio, e uma fraca ventania esvoaçava seus longos cabelos.
Tudo parecia correr como em um filme sendo avançado, porém, quando Collin olhara para trás, avistara um mundo andando lentamente, como uma lesma. Os minutos passaram como um piscar de olhos, as horas passaram como um nanico vento que bate na janela, os anos passaram com a velocidade de um jato supersônico, e uma década passou com a velocidade da luz.
Finalmente seus passos desfizeram-se como uma música que para de tocar repentinamente, seus sapatos já haviam ficado em algum lugar da sua estrada, seus pés feridos choravam sangue em carne viva. Há muito ele não sabia o que era água, muito menos sabia o que era comer algo. Sua desnutrição era evidente até para um cego, seus olhos calejados lutavam para ainda ficar em pé, atentos a tudo.
Com um último pingo de força, Collin, levantara os olhos para tentar visualizar a imagem que tanto almejava. Seu brilho radiante parecia como o de um sol, em sua costa, um par de asas, como os de um anjo, seu coração brilhava uma luz vermelha, que Collin podia ver através de sua pele. Ela vestia um manto branco, que cobria seus pés, finos como os de uma donzela. Não agüentando se sustentar, o garoto, desabara sem vida.
O anjo, ao ver o sacrifício que seu plebeu enfrentara para apenas chegar onde ela estava, lacrimejara, sem parar. O corpo de Collin, sem vida, estava desfalecido e alvo feito algodão, mas, ao beijar as lágrimas de seu anjo, seu corpo parecera acordar de um pesadelo. Suas bochechas rosadas, rosadas voltaram a ficar, seu coração voltara a bater como um tambor, sua respiração retornara como um ventilador tentando matar o calor. Percebera que sua força retornara, que seu anjo o ajudava a se levantar. Atrás dela, avistara uma ponte adornada por rosas brancas. Esta ponte corria em direção ao firmamento azul celeste, assim, Collin, prosseguiu até chegar ao paraíso. Novamente olhou para trás, olhou para baixo, e destilou uma tímida gota de lágrima, fazendo com que o deserto transfigurasse em floresta.

Carlos Matos

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